quinta-feira, 31 de março de 2016

Caso Clínico em Psicanálise XII - O apego às máscaras; ou Ser ou não ser, eis ou não a questão - José Anastácio de Sousa Aguiar


Costumo fazer, ao início de cada atendimento, duas perguntas. A primeira é perguntar para o paciente como ele gosta de ser chamado e a segunda é em que posso ajudá-lo. Interessante notar, que o modo como as duas perguntas são ou não são respondidas, esclarece e facilita muito o trabalho psicanalítico. O tema da presente crônica refere-se a essas perguntas.
Era uma sexta-feira no final da tarde, o último atendimento do dia e da semana. Era a primeira consulta daquele paciente e após cumprimentá-lo, realizei a primeira pergunta (como ele gostaria de ser chamado), ao que ele me respondeu: “ Dr. Pedro Augustus Neto, não esqueça do neto, doutor.”
À segunda pergunta (em que posso ajudá-lo), ele, após uma certa resistência, me explicou que era advogado há muitos anos e trabalhava junto aos ministros das cortes superiores e tinha conseguido acumular muito dinheiro e status com a sua função, entretanto, estando com 55 anos, sentia-se vazio e desorientado.
Pode-se analisar este caso fazendo-se uso do conceito junguiano de máscara. Máscara(s) seria(m) aquele(s) instrumento(s) que o ego do indivíduo lança mão para adaptar-se às vicissitudes do dia-a-dia. O uso da máscara passa a ser patológico quando a pessoa se identifica em demasia com ela, que passa a dominar as decisões do ego. Assim, seu uso reiterado dificulta a pessoa aprofundar-se no autoconhecimento, tornando-o prisioneiro de si mesmo, ou melhor da máscara.  
Nesse contexto, é perfeitamente razoável que o Dr. Pedro Augustus Neto tenha uma vida vazia e sem sentido.
A desidentificação para com a máscara, bem como a desmistificação de suas vãs glórias, são o cerne do processo analítico, nesse caso.
José Anastácio de Sousa Aguiar
*nomes, sexos e alguns detalhes foram alterados para proteger a identidade dos pacientes.

A paranoia persecutória e o impulso homossexual - Sigmund Freud


sábado, 12 de março de 2016

Somente a luz pode afastar a escuridão - Martin Luther King Jr.


As Aventuras de Sri Prem Tata - Episódio 12 - A resistência de cada um; ou Não tente escapar de sua vida


Era um belo dia de primavera, Tata e seu fiel discípulo faziam a sua caminhada socrática, quando, ao passar em frente a uma casa simples de um camponês conhecido, avistaram o velho amigo que alegremente cortava a lenha, preparando-se para o inverno vindouro. O velho camponês, ao ver os amigos, os cumprimentou sorridente e afirmou: “Que bom que tenho essa madeira para cortar, que me será muito útil nos tempos frios de inverno”. Voltou a trabalhar assoviando.
Poucos minutos de caminhada depois, ambos avistaram uma outra casa e na varanda frontal à residência, um homem praguejava, pois teria que cortar uma pilha de madeira. Assim se expressava: “Que ofício incômodo, preferia estar em outro lugar”.
O interrogativo escudeiro dirigiu-se ao mestre indagando como duas tarefas idênticas poderiam despertar duas posturas tão díspares. Sri Prem Tata asseverou: “Lutar contra o seu próprio destino criando resistências às tarefas e ensinamentos que a vida nos traz é andar para trás na escala evolutiva. Um dos pontos mais importantes da prática espiritual é não tentar escapar da sua vida, mas encará-la o mais honesta e completamente como ela é. Não reconhecer o fluxo da Divindade forçará a Consciência Divina a repetir o padrão kármico tantas vezes quanto seja necessário para permitir o amadurecimento emocional e espiritual do indivíduo. Somente por meio da aceitação e da entrega, o indivíduo restabelece a sua conexão com o Todo”.